quinta-feira, 1 de maio de 2014

A Interferência Emocional na Aprendizagem


1. Introdução

A Neuropsicopedagogia e Desenvolvimento Humano é uma área do conhecimento que aos poucos ganha espaço e surge como um aporte na atuação interdisciplinar, agregando conhecimentos neurocientíficos e tendo seu foco nos processos neurológicos e no ensino e aprendizagem. Procura aliar as atividades pedagógicas à todas as ciências que possam contribuir para a aprendizagem do indivíduo de forma mais ampla.
Assim, a Neuropsicopedagogia, que agrega conhecimentos da neurociência, psicologia e pedagogia, realiza um trabalho investigativo na promoção da aprendizagem, avaliando estímulos, respostas e sensações nos processos didático metodológicos para que o ensino e aprendizagem ocorram preventivamente, além de estudar como o cérebro aprende e armazena informações. Requer mudanças de paradigmas e práticas que vão além da aula expositiva, estimulando o cérebro a produzir aprendizagens.
Utilizando o conhecimento da neurociência, objetiva estabelecer as relações emocionais ao processo de ensino e aprendizagem quando da aplicação das estratégias pedagógicas, utilizando não só a literatura científica como a pedagógica, potencializando o processo educativo desde o seu planejamento até a intervenção, considerando a atual grade curricular e o contexto social. Diante destas reflexões, o presente trabalho requer um olhar acurado em relação à emoção, sentimentos e reações dos educandos no ambiente escolar.
Buscando respostas para as reações do cérebro frente aos estímulos emocionais tensionamos esclarecer e tecer comparativos entre aprendizagem, cérebro, emoção e interferências, fazendo um estudo bibliográfico do tema em teóricos ligados à neurociência, bem como de estudos realizados por neurocientistas através de pesquisas neurológicas e de outros teóricos ligados a área da psicologia, pedagogia, sociologia e psicanálise.
Assim, para Vygotsky (2003, p.121),
“A emoção não é uma ferramenta menos importante que o pensamento” e portanto, necessita de estímulos. Afirma, ainda, “que a educação sempre implica em mudanças nos sentimentos e a reeducação das emoções vai na direção da reação emocional inata”.
O autor diz que “as emoções são tão importantes quanto o intelecto e que é possível pensar com talento e sentir talentosamente”. É fundamental que se conheça o cérebro humano, sua participação na aprendizagem, quais partes estão intimamente ligadas e quais processos são desencadeados quando relacionamos estímulos, conhecimento, memória de curto e longo prazo.

2. A Aprendizagem

As interpretações relativas a aprendizagem, no ambiente escolar, passam pelo olhar do profissional da educação que registra em seus pareceres que o educando não está adaptado, que é indisciplinado, que a família é omissa, que a mesma só se preocupa com os auxílios governamentais que recebe e, portanto, quanto mais filhos, mais ganhos financeiros. O que se sabe é que o discurso está mudando, pelo menos para aquele profissional com olhar mais acurado em relação aos seus pupilos, e a pergunta que se faz é: por que não aprendem? ou, por que tem mais dificuldade de concentração? Por que desafiam o educador a todo instante? Instigam posicionamentos e metodologias diferenciadas para que a aprendizagem ganhe espaço e promova conhecimento àqueles que ocupam os espaços educativos.
Mas o que é aprendizagem? Segundo os estudiosos da área é um processo de mudanças, de conhecimento, de comportamento que se obtém através das vivências construídas por fatores emocionais, neurológicos, relacionais e ambientais.  Já,  segundo Relvas em seu artigo “Cérebro aprende pelo afeto e emoção”, (s.d., p. 1), “a aprendizagem é um ‘mix’ de memória, atenção, concentração, interesses, desejos, estímulos intrínsecos (neurotransmissores/ hormônios) e extrínsecos (informações externas do ambiente) que permeiam a mente e o cérebro humano”.
Podemos tecer, então, a teia da aprendizagem que passa, além das questões biopsicossociais, pela construção de experiências calcadas em fatores emocionais, e isto nos remete a considerações, outras, como o contexto social e os efeitos causadores dos desvios comportamentais e a não aprendizagem ou aprendizagens tardias e conflituosas.
Em observações realizadas no ambiente escolar, deparamo-nos com situações vulneráveis, onde famílias inteiras residem em locais de risco, afetados por necessidades básicas, cobrados em responsabilidades precoces e desprovidos de afeto por conta da necessidade premente da busca pela subsistência. A escola, espaço de aprendizagem que deveria oportunizar o conhecimento, a interação, a socialização, a educação baseada na diversidade, abraça, também, o resgate emocional, equacionando lacunas ou suprimindo, quando possível, as faltas decorrentes do ambiente familiar.
A motivação para a aprendizagem passa pelas emoções e o resultado delas colore as avaliações e os rótulos aos educandos, desde as séries iniciais, traçando a trajetória escolar dos mesmos ao longo do processo de aprender. Desta forma, é de suma importância reconhecer os espaços geográficos, torná-los agradáveis, equilibrar emoções para atender a demanda existente em nossos espaços educativos, estabelecer vínculos sólidos, promovendo segurança, confiança e afeto, pois só desta forma as deficiências/ faltas serão, de alguma forma, dirimidas nos ambientes educacionais. Cabe ressaltar que o respeito em relação ao educando é importante, pois somos modelos das ações dos mesmos.
Portanto, os objetivos a serem atingidos passam pelo domínio da cognição, domínio afetivo e psicomotor, envolvendo o conhecimento e a capacidade intelectiva; as emoções, gostos e atitudes e as decorrências destas práticas no que tange a psicomotricidade e outras que resultam do uso da força corporal para a realização de atividades.
Na análise do conjunto se ressalta as habilidades de memorização, compreensão, aplicação,  análise,  síntese  e  avaliação  com  o  domínio  do  campo  afetivo  através  dareceptividade, resposta, valorização das potencialidades, organização e caracterização, bem como organizar movimentos reflexos, habilidades perceptivas e físicas, comunicação discursiva e habilidades relacionais.

3. O Cérebro – Como ele aprende

O cérebro é o órgão mais importante do nosso corpo e responsável pelas ações voluntárias e involuntárias do mesmo, as primeiras relacionadas com aquilo que podemos controlar, como comer, falar, brincar, entre outras, e àquelas como o bater do coração, a respiração e outras voltadas à ações que independem da vontade do homem.
Assim, sabemos que o cérebro necessita dos neurônios, que se utilizam do oxigênio e trocam substâncias químicas, e que este conjunto precisa ser estimulado para que se obtenham respostas e ambientes enriquecidos de estímulos, com recursos materiais, atividades físicas e alimentação adequada, influenciando no desenvolvimento do cérebro e da aprendizagem. Estudos relacionados ao cérebro nos dizem que a capacidade de desenvolvimento do mesmo começa quando somos pequenos e que quanto mais estímulos proporcionarmos mais neurônios nascendo, melhorando a capacidade cognitiva.
Silveira (2004, p. 1) em seu artigo “O funcionamento do cérebro no processo de aprendizagem” cita experiências da Dra. Marian Diamond, neuroanatomista americana, realizadas com ratos mostrando que os animais criados com estímulos (brinquedos), desenvolveram um córtex cerebral com o maior número de células nervosas, acredita-se que o mesmo aconteça com os seres humanos.
Em estudos feitos em relação ao cérebro tem-se conhecimento que ele se divide em dois hemisférios e de acordo com o lado usado, desenvolve esta ou àquela habilidade, mas para que haja de fato um funcionamento adequado é necessário a integração entre os dois. Portanto, é necessário ativar a atenção e isto pode ser feito utilizando-se recursos como a música, que diminui o ritmo cerebral e o equilíbrio entre os dois hemisférios acontece. Quanto mais baixo o ritmo, mais atenção, pois o cérebro esvazia-se e abre espaço para a aprendizagem.

4. Neurociência e Aprendizagem

O cérebro, a aprendizagem e a neurociência estão intrinsecamente ligados no que se refere à aprendizagem e a forma como o cérebro responde aos estímulos ensinados através do encaminhamento de saberes e ações pelo educador, utilizando a neurociência pedagógica abordando a neurobiologia e multidisciplinaridade sobre a complexidade cerebral em sala de aula.
Faz-se necessário conhecer a neurociência e com ela o funcionamento do Sistema Nervoso Central, embasando cientificamente o educador, de como áreas diversas fortalecem e fundamentam a aprendizagem, a educação e a própria neurociência num processo interdisciplinar. Desta forma, o cérebro se torna um mediador importante do conhecimento entre professor, pais e educadores, num reconhecimento das potencialidades e dificuldades no aprender.
As experiências feitas com ratos e outros animais em relação às suas aprendizagens, mostram que o condicionamento, oportunidades e estímulos são fatores que desencadeiam reações e auxiliam no entendimento do funcionamento do cérebro em seus hemisférios e lóbulos, bem como o uso pela neurociência cognitiva do eletroencefalograma, lesões em estruturas neurais em animais de laboratório e neuroimageamento, como forma de investigação para estabelecer as relações cognitivas e o cérebro. Este estudo favorece a ação educativa permitindo um diagnóstico precoce de transtornos de aprendizagem, oportunizando diferenciações, no sentido de mudança da estrutura educativa atual, engessada em padrões antigos e de pouco interesse, devendo, então, introduzir-se diferentes métodos do ensinar – música, o brincar lúdico – casinha, hospital, supermercado, salão de beleza -, ou  seja, trazendo o real para a sala de aula numa construção observativa da realidade de cada aluno para posterior ajustes educativos, principalmente no que se refere a afetividade. As brincadeiras lúdicas de casinha demonstram como elas recebem instruções no lar e o que isto promove em seu desenvolvimento e que entraves desencadeiam em relação a que o cérebro registra e aprende.
A neurociência solitária não vai responder a demanda da aprendizagem, precisa, entretanto, do olhar investigativo do educador, que reconhece potenciais, dificuldades e necessidades que caracterizam a personalidade dos membros de uma sala de aula.
Para que o cérebro aprenda é necessário: ambiente calmo e acolhedor para exporem ideias e discussões relevantes; atividades práticas que contribuam para associações importantes e promovam a modificação fisiológica e estrutural do cérebro; a idade não esgota aprendizagens, basta que saibamos os períodos sensíveis do mesmo para o ajuste de seu desempenho; a oportunidade de escolha das tarefas, pelos estudantes, aumenta a responsabilidade dos mesmos em seu aprender; o cérebro quando ativado movimenta inúmeras áreas do córtex cerebral favorecendo a aprendizagem numa ancoragem anterior; o cérebro responde positivamente aos estímulos visuais, dramatúrgicos e musicais e promover estas expressões motiva os educandos a uma resposta.
Aprender através da experiência, e dela o adulto fazendo parte, fortalece ações posteriores, pois estarão melhor preparados para a tomada de decisões e a experiência já não será nova, sendo respaldada pelos fatos vividos. Assim a estimulação de dopamina é ativada e os envolvidos encontrarão prazer em agir.
Portanto, evidencia-se que a neurociência contribui para o conhecimento das interferências de aprendizagem, dando a conhecer que os processos biológicos – afetam a resposta cerebral as experiências do meio ambiente -, e ambientais – que em contrapartida influem nas questões biológicas. As pesquisas realizadas no estudo do funcionamento do cérebro têm contribuído para o entendimento de sua participação no processo cognitivo, tais como: memória, alfabetização, leitura/escrita, aprendizagem, tomada de decisões, inteligência, interpretação textual, linguagem, raciocínio lógico – cálculos, interpretação de símbolos numéricos -, sonhos e emoções.
Segundo Grispun (2004, p.35):
Estes achados e os métodos científicos podem ter envolvimentos favoráveis em cenários educativos  formais.  Por  exemplo,  estudos de neuroimagens funcionais, técnica moderna para examinar o processamento cerebral sugerem que os principais sistemas de leitura de textos alfabéticos estão lateralizados ao hemisfério esquerdo. Outras áreas cerebrais tem sido descritas com o chaves para alguns dos processos mais importantes da aprendizagem, incluindo a zona occipto-parietal inferior para o processamento de propriedades visuais, formas de letras e ortografia, e a zona temporo-occiptal, sócia a habilidades de leitura.
As investigações não cessam e a busca pelo entendimento do fracasso  na aprendizagem auxilia o educador no processo de alfabetização/letramento de seus educandos, compreendendo e buscando resultados de acordo com desabilidades dos mesmos. A interação entre neurociência cognitiva, a pedagogia e a prática docente encaminhará novo foco de resolução de problemas, minimizando dificuldades, compreendendo o processo de aprendizagem e encaminhando resultados.

5. Afetividade e Desenvolvimento Humano

A busca de respostas em relação ao ser humano e suas interações ocorre frequentemente nos diversos locais da vida humana, o que de fato se desconhece é como os processos desse desenvolvimento acontecem internamente, ou seja, nas estruturas fisiobiológicas e psicossociais do indivíduo. O humano se desenvolve por estímulos e a neurociência pontua quando fala das conexões neurais e das sinapses cerebrais realizadas quando as diversas áreas do cérebro são estimuladas para realizar atividades como correr, pular, abraçar, beijar, sentir, ouvir, fazendo o cérebro reagir aos diversos estímulos que resultam em observações comportamentais e sociais dos envolvidos. Fora estas questões, o cérebro adapta, conecta e trabalha estas reações de forma positiva ou não, dependendo da resposta que se dá as perguntas que se faz – nas propostas didático-neuronais.
O contributo da neurociência apoia e fundamenta a pedagogia da aprendizagem, fomentando diversificação da aplicabilidade da fala do educador, da emoção com que ele trabalha com conceitos, da alegria que ele carrega e mostra aos educandos. As crianças e adolescentes sentem esta interação e desenvolvem e reagem de acordo com os estímulos que recebe – se o educador grita, eles gritam; se pune, eles escondem o “jogo”; se mente, eles o imitam; se é alegre, eles o são também; se abre oportunidade de diálogo, eles se sentem seguros... -, assim, o cérebro vai registrando e vai balizando estas sensações e vai guardando o que a eles interessam. Nesta reflexão, temos uma parcela de contribuição na modelação do caráter e personalidade do indivíduo.
A que se contemplar um ambiente mais seleto para que as interferências advindas de casa – a não afetividade -, não completem as lacunas do cérebro do aprendiz, há que se ater as ações concretas, incentivando, apoiando, elevando a baixa autoestima, utilizando o toque – abraço, passar a mão no cabelo, alisar as costas, dar a mão -, estimulando o cérebro a responder positivamente a estes estímulos. Desta forma temos em Grispun (2004, p.76) que:
Os circuitos neurais constroem-se através da afetividade primária. O sistema atencional, pilar fundamental sobre o que se apoia toda a aprendizagem, com assento anatômico no córtex pré-frontal do cérebro, se encontra ligado por  uma  densa estrada de fibras nervosas com estruturas do sistema límbico como o  cíngulo anterior e a amígdala, responsáveis pela motivação, o livre arbítrio e  o processamento do componente emocional dos estímulos.
O desenvolvimento humano, então, se processa de forma gradual e constante e as respostas vão aparecendo de acordo com o oportunizado, e isto começa não só com o nascimento, e sim muito antes, segundo Barros (2003, p.1), “a afetividade acompanha o ser humano desde a sua vida intrauterina até a morte se manifestando como uma fonte geradora de potência e energia”. A afetividade pode ser comparada ao “alicerce sobre o qual se constrói o conhecimento racional” e por isso deve ser “prazerosa e ligada à ação afetiva”.
Portanto, a afetividade se entrelaça com o saber, com o seu desenvolvimento e o indivíduo feliz reage positivamente a novas informações, pois sua autoestima está organizada e equilibrada, pronta para novos estímulos, sejam eles desafiadores, dramáticos, cômicos e físicos. A capacidade dos indivíduos de se emocionarem os faz diferente, podendo reconstruir o mundo e o conhecimento, também, a partir das emoções e do afeto que impulsionam a vida, e, não apenas do ensino mecanizado da vida.
Entendemos que o ambiente alegre e afetivo motiva as interações, gera alegria, renova energias, gera mudança de ações, impulsiona o indivíduo a crescer saudável emocionalmente.
Sendo a afetividade presença constante na vida humana, citamos Vygotsky (2003, p.121) que diz:
As reações emocionais exercem influência essencial e absoluta em todas as formas de nosso comportamento e em todos os momentos do processo educativo. Se quisermos que os alunos recordem melhor ou exercitem mais seu pensamento, devemos fazer com que essas atividades sejam emocionalmente estimuladas. A experiência e a pesquisa tem demonstrado que um fato impregnado de emoção é recordado de forma mais sólida, firme e prolongada que um feito indiferente.
A troca afetiva entre os pares também oportuniza um desenvolvimento gradual e seguro em relação ao bem estar, a relacionar o ambiente a aspectos positivos e a fazer dele um lugar de convívio.
Neste desenvolvimento afetivo trabalham em equipe: a família, a escola e a sociedade, a primeira dando os primeiros aportes afetivos, sociais, psicológicos e morais; a segunda dando segmento ao primeiro e promovendo alegria e prazer no desenvolvimento integral do ser e o terceiro alicerçando o bem estar, as oportunidades, o reconhecimento das potencialidades individuais na diversidade da sociedade em que se vive.
Pensando desenvolvimento humano e afetividade temos em Santos (2010, p.15):
É “provável que a emoção auxilie no raciocínio” em especial quando se trata das questões pessoais e sociais que envolvem risco e conflito. As emoções e sentimentos constituem aspectos centrais na regulação biológica e estabelecem uma ponte entre os processos racionais e não racionais. As emoções desempenham uma função na comunicação de significados a nossos interlocutores e podem ter também papel na orientação cognitiva. A estreita relação entre cognição e emoção refere-se  não apenas as emoções básicas que são automáticas e, normalmente, envolvem situações extremas que afetam o indivíduo de maneira mais perceptível ao observador externo. Essa  relação  também  se  refere  aos  sentimentos  de  fundo,  aos  humores,  que contribuem ou funcionam como um obstáculo para a adoção de atitudes e posicionamentos no interior das aulas.
Assim. entendemos que o compromisso afetivo ultrapassa limites conceituais, mas atinge esferas profundas de comprometimento e responsabilidade com aqueles que necessitam desenvolver-se integralmente como seres partícipes do mundo em habitam. Auxiliar o ser em seu desenvolvimento é dar-lhe subsídios concretos de mundo, de vida, de emoções articuladas na parceria, solidariedade, compreensão, autonomia e respeito com e pelo outro. Relvas (2012, p.1), nos diz que: receptividade, resposta, valorização das potencialidades, organização e caracterização, bem como organizar movimentos reflexos, habilidades perceptivas e físicas, comunicação discursiva e habilidades relacionais.
É preciso reconhecer que a emoção é a centelha da vida, ou melhor, é o estímulo desencadeador e fixador da informação na memória. Em outras palavras: é através da emoção que o cérebro seleciona o que é importante ou não, transformando em uma aprendizagem significativa o tempo todo. Um professor ‘emocionado’ demanda do aluno novas emoções e isto gera dúvidas, experimentações e aprendizagens. É o cérebro em plasticidade para aprender, criar competências.
Desta forma, entendemos que não há separação entre emoção, afetividade, aprendizagem e cérebro, são todos elementos constitutivos das sinapses neuronais efetivadas pelos neurotransmissores que numa corrida desabalada enveredam pelos hemisférios cerebrais criando plasticidade e ativação dos lóbulos responsáveis pelas interações elencadas acima.

6. Considerações Finais

Pontuamos como emoção qualquer tipo de reação que o indivíduo possa externar, seja ela expressivamente ou pela palavra e gestos. As emoções alteradas embotam o cérebro a um raciocínio lógico e coerente, afetando e interferindo na cognição.
A aprendizagem se faz em ambiente agradável, equilibrado, feliz e isto deve ser pensado pelo educador e de que forma se dará. Conhecendo sua clientela, se apropriando da afetividade, criando um ambiente motivacional, ativará áreas do cérebro que estarão em conformidade com as propostas e regras estabelecidas pelo grupo, desestressando o ambiente e promovendo uma aprendizagem condizente. É necessário um trabalho de equipe – educador e sujeitos da aprendizagem -, para que ela se sustente e se perpetue. Ambiente estressante prejudica a aprendizagem e não promove a permeabilidade e receptividade da mesma.
Ambiente estressante gera ativação dos hormônios de noradrenalina e cortisol que segregam o cérebro em resposta a situações adversas ou de sobrecarga tensional afetando os processos de consolidação da memória e bloqueando o córtex pré-frontal, impedindo de dirigir e focar atenção experienciais de aprendizagem, que alteram a capacidade de resolução inteligente de conflitos, embotando habilidades fundamentais para a resolução dos mesmos.
Pensando aprendizagem constatamos que é possível tecer ações concretas que possam ser experimentadas possibilitando a ativação do hemisfério direito, que são: simulação de acontecimentos históricos, articulação entre desenho e música, a língua e as letras, contação de histórias, dramatizações, envolvendo o indivíduo num cenário construtor de habilidades e possíveis ativações neuronais.
Sabe-se, então, que o cérebro é ativado em seu aspecto neuroquímico, biológico, anatômico, psicossocial, fisiológico, celular e emocional. Nesse aspecto, a neurociência vem como aporte para a aprendizagem, auxiliando o educador em suas intervenções para melhor significar a cognição e interesse para que o cérebro guarde na memória de longo prazo o conhecimento promovido e, os recursos utilizados para tal, estimulando os canais sensoriais dos envolvidos nas “ensinagens”.
Portanto, um clima emocional estável auxilia na aprendizagem, e se o indivíduo não o tem em seu ambiente social, é possível que o tenha no ambiente educativo de suas aprendizagens, e aqui aporta o educador-pesquisador, ciente de seu compromisso com o outro e de sua responsabilidade com o outro. Permanecem interligados emoção e atenção que fundamentam as bases cognitivas, estabelecendo relações essenciais entre interferência, afetividade, emoção e aprendizagem.

Rosiliane Goulart - Acadêmica do curso de pós-graduação em Neuropsicopedagogia e Desenvolvimento Humano. IERGS/UNIASSELVI.

BARROS, Rosley Sulek Buche. Educar com afetividade sabendo dizer não. 2003. Disponível emhttp://www.psicopedagogia.com.br/opiniao/opiniao.asp?entrID=133. Acesso em SET 2013.
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                             Neurociênciae Educação, gêneros e potencialidades na sala de aula. Rio de Janeiro, 2ª ed. WAK Editora, 2010.
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SANTOS, F.M.T. MORTIMER, E.F. Investigando as interações afetivas nas salas de aula. In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, 21 de Poços de Caldas: Sociedade Brasileira de Química, 2010.
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