segunda-feira, 10 de março de 2014

COMO LIDAR COM O ADOLESCENTE?

POR: COLUNISTA PORTAL - SAÚDE
é necessário a aproximação do educador para se trabalhar com o adolescente.
é necessário a aproximação do educador para se trabalhar com o adolescente.
Para trabalhar com o adolescente é importante que o educador, tanto o da escola como o da saúde o conheça. À medida que ele é conhecido pelo educador, esse pode levá-lo a compreender com mais facilidade as mudanças que se apresentam nessa fase e encontrar respostas para as bruscas alterações que ocorrem com ele, assim como os sintomas de insegurança que aparecem sem que o adolescente perceba. 

Criar espaços de verbalização e de expressão sobre o que significa ser adolescente pode oportunizar a compreensão e aceitação das mudanças físicas e psicológicas, estimulando a motivação interna na busca de sua identidade. Esta busca é fortemente influenciada pela ruptura com os pais e a identificação com o grupo de amigos, educadores ou outros ídolos. Ao buscar no grupo a identidade ameaçada pelas mudanças, e ao identificar-se com este, o adolescente sente-se mais protegido, com menos dúvidas e menos conflitos. Consequentemente, quando é aceito e valorizado, passa a transferir a sua dependência da família para os componentes do grupo, aceitando também os seus usos, costumes e rituais (BOCK, 1995). Daí, o perigo de o adolescente buscar um grupo onde o uso de drogas faça parte dos seus rituais. Diante de tantas alterações, não sendo mais criança e sem os poderes dos adultos, ele pode sofrer e fazer sofrer aqueles com os quais convive. Se for excluído do grupo onde não é aceito, também sofre com a rejeição. 

Quando um adolescente quer afirmar sua individualidade, ele tende a fazê-lo, levando a moda ao exagero. Em parte porque o indivíduo quer manter-se e em parte para reassegurar-se da solidez de sua nova cultura, ele está sempre procurando intensidade e extremos (STONE, 1969, p.272).

Dessa afirmação uma questão se impõe: O que significa individualidade? É o que a era da modernidade preconizou, ou seja, a exacerbação no “eu” egocêntrico, isolado de tudo e de todos, autossuficiente? Ou é o que se vive na contemporaneidade, ou seja, a individualização proposta e defendida por Jung: ir além de si mesmo, de um “eu” fraco e desenvolver um self rico pela compreensão e pela realização de suas potencialidades. Nesse sentido, um novo ser nasce a partir do conhecimento de si mesmo (BENNET, 1985). O adolescente não está sozinho no mundo, ele se relaciona com outras pessoas.

Ele desenvolve relações afetivas, profissionais e sociais. O educador ou facilitador, assim como os pais, os professores e profissionais de saúde, devem estar conscientes de que o adolescente, em todas as etapas, necessita de ajuda no seu processo de busca da sua individualização, para que possa alcançar uma harmonia psíquica, tão importante na caminhada em direção à maturidade. Alcançar esse fim depende da maneira como as pessoas que convivem com ele, compreendem e vivenciam o seu próprio processo de viver. Na adolescência, muitas vezes, o adolescente toma a decisão de experimentar o álcool ou outra droga, pois o período que atravessa se caracteriza pelo desafio às autoridades, às normas, às leis e às instituições em geral; pelo espírito de aventura, pela curiosidade, na busca de novas sensações e descobertas; para mostrar-se crítico em relação a tudo e a todos, especialmente aos valores vivenciados pelos pais, escola, igreja e outros (STONE, 1969). Seu humor é quase sempre instável: da tristeza à euforia; da solidão à sociabilidade. Age impulsivamente, não pensa nas consequências de seus atos. Tem atitudes reivindicatórias e de justiça sociais, muitas vezes exacerbadas. É capaz de passar da rebeldia ao crime, e, até a delinquência, caso não haja clareza e orientação quanto aos seus limites. Considerando esses aspectos, é fundamental, instruí-lo para os riscos decorrentes da curiosidade de experimentar a vida.

Neste contexto, o de promover a responsabilidade de escolhas do adolescente, dentro de uma realidade que se preocupa com a sua informação e com a sua capacidade para decidir e ser responsável pela sua decisão, a compreensão da concepção de autonomia deve ser levado em consideração. 

Assim sendo, autonomia pode ser compreendida no sentido de dar as leis a si mesmo e obedecer as suas próprias leis, ou seja, é a liberdade do agir e do querer que capacita o indivíduo a determinar sua própria vida tomando como base os recursos da razão (BOBBIO, 1996). Representa a capacidade de o indivíduo determinar a sua vida perante as leis. Então, é um processo que vai possibilitar a pessoa a agir e aprender racionalmente, tomando como base a harmonia da utilização da razão e da emoção. Logo, a autonomia será adquirida, basicamente, por intermédio da educação, na família e na escola, mas também em outros espaços onde a pessoa conviva. 

É importante que o adolescente, perceba que os conhecimentos adquiridos ao longo da vida são inacabados e que dele depende a capacidade reflexiva de cada um. Isso significa que a construção da autonomia envolve a responsabilidade do livre-arbítrio, ou seja, o aprendizado, o conhecimento, a informação. A autonomia é uma ferramenta que está em constante atualização e a utilização dessa ferramenta envolve um comprometimento com as consequências, que se firmará à medida que o indivíduo tenha o discernimento de que é a sua ação, íntima e pessoal que determina significativamente o rumo de sua própria vida e a sua contribuição no contexto global (MENEGHETTI, 1996). 

O aluno forma na escola, a representação de um conhecimento em gestação. Isto é, o professor, inicialmente na função de tutor, comunica conteúdos supostamente atualizados, mas despertando ao mesmo tempo essa consciência de que a ciência não parou, logo, despertando o desejo e aptidão para participar de sua criação. Esta é a esperada contribuição da escola para a formação de uma autonomia de cunho epistemológico (TAVARES, 2000, p.166).

Na teoria, observa-se que o professor idealiza formar indivíduos autônomos, críticos, construtivos, criativos, harmônicos entre a razão e emoção. Desenvolver o senso de humanidade em cada indivíduo é o objetivo complexo que a família, a escola e a sociedade contemporânea devem ter em vista hoje. Entretanto, não é o que se vê na prática. 

A educação que busca a instrução e a formação de um cidadão verdadeiro, capaz de criar conhecimento, ir além do que é dito e implementar ações na sociedade, demanda, concomitantemente, a atenção a aspectos de autonomia e de criatividade, uma vez que o ser construtivo é aquele que é o agente de sua formação e instrução. Ele precisa estar apto para tal, consciente de seus próprios limites e organizado criativamente para agir com funcionalidade, exercitando a sua cidadania. E, também, preservando sua saúde.

O QUE É ADOLESCÊNCIA?

POR: COLUNISTA PORTAL - SAÚDE

A palavra adolescência é derivada do verbo latino adolescere que significa crescer ou crescer até a maturidade. Refletindo que a adolescência é um período de transição, Muuss (1976) a considera um período no qual o indivíduo vive uma situação marginal, na qual novos ajustamentos devem Adolescenteser feitos entre o comportamento da criança e o comportamento de adulto. Muuss (1976) ainda afirma que, cronologicamente, a adolescência é o tempo que se estende, aproximadamente, dos 12 ou 13 anos até os 20/21/22 anos, com grandes variações individuais e culturais (MARTINS, 2003). 

Atualmente, alguns pesquisadores consideram a fase de adolescência dos 13 aos 25. É uma adolescência prolongada, que tem sido bastante comum. Portanto, o que antes considerávamos adultos, ainda podem ser considerados como adolescentes. 

À primeira vista, a adolescência se mostra como uma categoria vinculada à idade, portanto refere-se à biologia, ao estado e à capacidade do corpo; no entanto o desenvolvimento do adolescente não se esgota nas diversas e importantes mudanças que acontecem no âmbito biológico e fisiológico, ele também comporta várias significações superpostas, elaboradas sócio historicamente. Dessa forma, além das mudanças biológicas, também ocorrem mudanças de papéis, de ideias e de atitudes. A Psicologia procurou entender melhor essas mudanças por meio de estudos, de discussões e de teorizações (MUUSS, 1976). Um dos primeiros estudiosos a respeito foi Stanley Hall. Seu primeiro livro sobre o assunto foi publicado em 1904 sendo, por isso, considerado o pai da Psicologia da Adolescência. Hall caracterizou o período da adolescência como uma época de tempestade e de tormenta devido à oscilação entre tendências contraditórias: energia, exaltação, superatividade, indiferença, letargia e desprezo. Uma alegria exuberante, gargalhadas, euforia cedem lugar à disforia, depressão e melancolia. O egoísmo, a vaidade e a presunção são tão característicos desse período como o abatimento, humilhação e timidez (MARTINS, 2003). 

Anna Freud fez um estudo desse período a partir da conceituação psicanalítica e atribuiu à adolescência uma grande importância na formação do caráter, partilhando da ideia de que a adolescência é um estágio do desenvolvimento e caracteriza-se como um período turbulento e apontando que pode sofrer influências do ambiente, embora muito pequenas, uma vez que os fatores ambientais, para a psicanálise ortodoxa, são secundários em relação aos fatores biológicos e instintivos (OLIVEIRA & EGRY, 1997). 

Erick Erikson (1972) utilizou as propostas da psicanálise e da Antropologia Cultural, propõe a Teoria do Estabelecimento da Identidade do Ego, na qual sugere que o ambiente também participa na construção da personalidade do indivíduo. Essa mudança na visão do desenvolvimento é de grande importância, posto que abre novas fronteiras para o entendimento do desenvolvimento e, mais especificamente, da adolescência. De uma forma geral, antes de Erikson, os teóricos entendiam a adolescência como um estágio do desenvolvimento, ou seja, um período universal, como a infância e a idade adulta, com características específicas, firmando-se em um período necessário e naturalmente conturbado (MARTINS, 2003). 

Na visão de Aberastury e Knobel (1992), a adolescência é um período de mudança e transição, que afeta os aspectos físicos, sexuais, cognitivos e emocionais. É concebida como a fase da reorganização emocional, de turbulência e instabilidade, caracterizada pelo processo biopsíquico a que os adolescentes estão destinados. 

Para Erickson (1972), na adolescência o indivíduo vive um momento de “crise”, mas no sentido positivo, ou seja, está adquirindo novos conhecimentos, se reestruturando, amadurecendo. Aponta ainda, o autor, que esse período é necessário, podendo resultar em um ser mais saudável, maduro e preparado para enfrentar a vida adulta. 

Segundo Stone (1969), a adolescência inicia no período de mais ou menos dois anos que precede à puberdade e às mudanças físicas que ocorrem durante esta fase. Seu começo é marcado por uma explosão no crescimento físico e continua com mudanças nas proporções corporais, maturação de características sexuais primárias e secundárias e uma série de outras mudanças físicas. É neste período que a criança perde o modo infantil e sente as primeiras modificações corporais.