sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

O Ser Humano Adoecido

Muitas são as perguntas sobre a causa de crianças e adolescentes que apresentam doenças “de adultos”.
O que acontece com eles, atualmente, que antes, não acontecia?

Nas décadas de 50, 60 e 70 as crianças eram ainda “crianças” com brincadeiras de crianças, cercadas por familiares e, principalmente, pelas mães que as mandavam para a escola somente aos 6 ou até 7 anos de idade. A diversão era na rua (na época, segura) ou mesmo dentro de casa. O apoio dos pais (onde a permanência mais duradoura dos casamentos existia) dava a essas crianças o suporte necessário para que crescessem sentindo-se seguras e amparadas.

As mudanças, já as conhecemos bem:

– no tempo dessa mãe que passa a maior parte de seu dia no trabalho;
– no casamento, onde pais separados tiveram de se dividir na atenção dos filhos e, também,
– na pessoa daquele que antes educava e que agora, passa o bastão para professores, babás. creches, etc…

O abandono se instala na percepção dessa criança que, na tentativa de se adaptar satisfatoriamente, inicia seus processos de somatização, ansiedade, angústia e autoestima fragilizada. Nesse processo, ainda, o isolamento transforma-se em “egoísmo” onde esse ser precisa pensar e focar em si mesmo nessa tentativa de adaptação.
Como consequência, no início dos relacionamentos que essa criança irá desenvolver, passa a existir a dificuldade de construir vínculos fortes e permanentes, onde a incapacidade de pensar no outro deixa de existir. Pois, afinal, aquele que passou tanto tempo investindo em si mesmo e tentando emocionalmente adaptar-se de maneira mais saudável, agora, desenvolver bons relacionamentos significa dar “tempo ao outro” e “pensar no outro”. Sacrifício demais exigido por alguém desacostumado a viver esse intercâmbio até dentro da própria casa, onde se sentia abandonado ou percebido como tal.
A prova e resultado disso são os relacionamentos desses jovens oriundos daquela geração que mal se sustentam e inviáveis de permanecerem por muito tempo. Jovens que apresentam as mais diversas consequências dessa dinâmica familiar, adoecidos, com síndrome do pânico, fobias as mais diversas, depressão, transtornos obsessivos, etc… etc…
O jovem perdido de hoje, infeliz, doente e solitário, pede socorro a esses pais que repensem seu comportamento e expectativa diante da vida e diante do o que é ser pai e mãe. Pais que aceitam a imposição moderna e o formato do mundo atual da imposição do “ter mais”, “ser mais” deixando de lado esses filhos abandonados e perdidos à procura de uma resposta para suas vidas.

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